A casa própria e um carro novo continuam sendo os principais sonhos dos brasileiros. Para alcançar esses desejos, os brasileiros procuram meios que possam tornar o caminho mais fácil.Entre os mais usados estão os financiamentos e, especialmente, os consórcios. A preferência pelos consórcios é atestada pelo desempenho do setor nos cinco primeiros meses de 2010.

A compra de veículos e de casas por meio de consórcios aumentou 14,4%, de janeiro a maio deste ano sobre igual período do ano passado, o que representa uma evolução bem acima dos 10% previstos para o ano de 2010 pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

O principal motivo para esse crescimento é a estabilidade econômica.  “Sem juros e com parcelamento integral do valor desejado, esse mecanismo vem registrando uma procura crescente”, disse o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi.

De acordo com o balanço, às vendas de novas cotas para veículos ficou acima do esperado, totalizando 727,6 mil, de janeiro a maio, ou 15,7% mais do que nos cinco primeiros meses de 2009. O número de participantes passou de 3 milhões para 3,2 milhões, com alta de 6,6% e o de consorciados que conseguiram retirar os bens aumentou 3,4%, alcançando 351 mil unidades.

Quanto às negociações de imóveis, as vendas das novas cotas cresceram 16,2% de janeiro a maio, com um total 92,5 mil. No mesmo período, o movimento de consorciados saltou de 519 mil para 560 mil (7,9 % de alta) e o total dos que foram contemplados passou de 25,7 mil para 27,7 mil, um aumento de 7,8%.

De acordo com a assessoria de imprensa da Abac, não é possível dividir os números do setor por estados. “Todos os contratos vão para o Banco Central sem descriminação de estado”, explicou a assessoria. Mas, mesmo sem números, é possível afirmar que o desempenho dos consórcios também foi acelerado em Mossoró. É o que afirma Francisco Dantas, gerente de consórcios do Rio Grande do Norte.

Para o economista da Índice Consultoria, Franklin Filgueira, os brasileiros estão adquirindo mais os consórcios por que os juros voltaram a subir no mercado, e o valor da parcela do consórcio não é corrigido por esta taxa, mas sim, pelo valor de mercado do bem financiado. “Portanto, o consórcio, em épocas de juros altos, tem um custo final bem inferior ao do financiamento, daí a preferência dos brasileiros hoje em dia”, explicou.

Por mais que as empresas insistam estão praticando juros menores, a verdade é que as taxas de juros praticadas no Brasil são exorbitantes.

Esse, talvez, seja o principal motivo pela escolha dos consórcios.  “Uma moto comprada através de um consórcio é 40% mais barata que a comprada através de um financiamento”, advertiu o radialista Francisco Ugmar Nogueira. São palavras de quem entende do assunto, já que Ugmar já está pagando o seu terceiro consórcio.

A estréia foi no final dos anos, seguindo-se de outros dois consórcios. “Recebi minha primeira moto através de consórcio em 2001. Desisti do segundo e agora estou pagando o terceiro”, contou o radialista, reiterando que a opção por esse meio de compra é puramente para fugir dos juros dos financiamentos.

O operador de sonda Emanuel Messias de Souza é outro exemplo de pessoas que correm mil léguas para fugir de um financiamento.  Ele contou que quando foi comprar seu primeiro carro o vendedor lhe ofereceu logo um financiamento. “Mas depois de analisar bem, preferi comprar um carro usado e entrar no consórcio de um novo”, acrescentou, afirmando também que foi a melhor escolha que ele já fez. “Hoje, já fui sorteado. Estou de carro novo e sem dever a ninguém, já que vendi o carro usado para pagar as últimas parcelas do consórcio”, finalizou, em tom de alegria.

Para o economista Franklin Filgueira, em termos gerais, para os compradores de baixa renda, o consórcio se apresenta como uma melhor alternativa para aquisição de bens duráveis, e permite um melhor planejamento por parte do comprador